“A esperança
serve para dar alegria aos tristes. Ela é uma estrela. Estrelas não aparecem
durante o dia. Estrelas só brilham durante a noite. Somente aqueles que
caminham de noite podem vê-las. As estrelas estão muito longe. São
inatingíveis. É possível que muitas das estrelas nem mais existam... ‘Mas o que
seria de nós sem o socorro das coisas que não existem? ’. Aqueles que vêem as
estrelas ora são chamados de poetas, ora de profetas.”
“A esperança
vê o que não existe no presente. Existe só no futuro, na imaginação. A
imaginação é o lugar onde as coisas que não existem, existem. Este é o mistério
da alma humana: somos ajudados pelo que não existe. Quando temos esperança, o
futuro se apossa dos nossos corpos. E dançamos. Quem é possuído pela esperança
fica grávido de futuros.”.“O mais surpreendente nisso tudo é que a estrela inacessível tem um rosto de criança... Aqueles que ouvem a melodia do futuro plantam árvores a cuja sombra nunca se assentarão. Mas não importa. Eles se alegram imaginando que as crianças amarrarão balanços nos seus galhos...”
(Fragmentos do livro Perguntaram-me se acredito em Deus, de Rubem Alves, São Paulo: Planeta, 2007, p.83-87).
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