terça-feira, 22 de maio de 2012

Entre versos e esperanças

“A esperança serve para dar alegria aos tristes. Ela é uma estrela. Estrelas não aparecem durante o dia. Estrelas só brilham durante a noite. Somente aqueles que caminham de noite podem vê-las. As estrelas estão muito longe. São inatingíveis. É possível que muitas das estrelas nem mais existam... ‘Mas o que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem? ’. Aqueles que vêem as estrelas ora são chamados de poetas, ora de profetas.”

“A esperança vê o que não existe no presente. Existe só no futuro, na imaginação. A imaginação é o lugar onde as coisas que não existem, existem. Este é o mistério da alma humana: somos ajudados pelo que não existe. Quando temos esperança, o futuro se apossa dos nossos corpos. E dançamos. Quem é possuído pela esperança fica grávido de futuros.”.

“O mais surpreendente nisso tudo é que a estrela inacessível tem um rosto de criança... Aqueles que ouvem a melodia do futuro plantam árvores a cuja sombra nunca se assentarão. Mas não importa. Eles se alegram imaginando que as crianças amarrarão balanços nos seus galhos...”

(Fragmentos do livro Perguntaram-me se acredito em Deus, de Rubem Alves, São Paulo: Planeta, 2007, p.83-87).